14 agosto, 2014

FAM CApítulo IV - O Fruto Proibido



Canavieiras - BA, 25 de maio de 1997.





Era lua cheia quando as dores chegaram. Yara se contorcia de dor às duas horas da manhã. Parecia que a criatura que ali crescia queria rasgá-la ao meio com tamanha força que chutava. O Boto e os demais serem do folclore estavam ao seu lado, ali na praia, todos curiosos para saber como seria essa criatura única, fruto de uma paixão instantânea e proibida. A lua estava em seu ápice, a sereia urrava e sua barriga se mexia furiosamente. A bruxa estava ajudado no parto, mas nada do que fizesse parecia amenizar a dor ou fazer a criança nascer. A sereia parecia sentir na pele toda a dor que causou a todos que prejudicou.

 A sua agonia só teve fim nos primeiros minutos da aurora, quando a criança nasceu. Fez-se silêncio e todos estavam atentos caso precisassem atacar. Quando a bruxa mostrou a todos a criança inacreditavelmente comum, ninguém acreditou. Todos olharam para ela e ninguém percebeu nada. Dessa vez todos foram tentados, todos estavam encantados com a criaturinha, mas a bruxa os alertou de que tudo de bom e divino lhes foi proibido, ou seja, amar essa criança seria extremamente perigoso para todos. Ainda aguardavam as consequências da última regra quebrada, mas era melhor não arriscar. Aconselhados pela bruxa, a Yara e o Boto abandonaram a criança na praia para morrer, pois ninguém se atreveu a machucá-la.

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