12 agosto, 2014

FAM Capítulo I - O Boto

Foto: Ator Justin Hartley

Manaus - AM, junho de 1996.


O Piraia-guará, Pira-iauara ou Boto é uma dessas criaturas. A Amazônia é sua região. Ele aparece na forma de um homem incrivelmente lindo e sedutor. Sua função é destruir relacionamentos ou desgraçar famílias. Sempre está em festas procurando sua próxima vítima.


Alto. Pele clara. Olhos intensos e castanhos. Sorriso misterioso. Chega sozinho as festas e sai sempre acompanhado de uma mulher. Casadas ou solteiras, elas não tem nem a mínima resistência ao seu olhar ou a sua voz forte e aveludada. Ele as encara e encoraja a ficarem sozinhas para se aproximar e sussurrar em seus ouvidos um convite para irem para um lugar onde possam conversar melhor sem todo o barulho de onde estão. Nesse momento já estão embriagadas com a excitação que este ser exala, e claro que aceitam.

Sempre as leva para perto da água. Acaricia-lhes o cabelo, diz elogios bem baixinho enquanto tira-lhes a roupa. Antes de perceberem, elas já estão perdidas e entregues ao desejo. Arrepiadas e suadas, só se dão conta do que aconteceu quando o homem desaparece misteriosamente, deixando-lhes completamente despidas durante a aurora.

Assim o Boto destruiu vários casamentos e chances de jovens da Amazônia de casar. Cansados dessa situação, moradores da região se uniram para caçá-lo, observando como ele aparece e desaparece, se organizaram para criar uma emboscada para capturar e destruí-lo de uma vez por todas.

Organizaram uma grande festa e os melhores caçadores da região estavam escondidos em postos estratégicos perto do rio. Observaram quando ele saiu ao crepúsculo para procurar mais uma vítima e esperaram que ele voltasse. E ele voltou, como sempre acompanhado de uma jovem que estava nitidamente hipnotizada. Os homens aproveitaram que ele estava concentrado em seu trabalho de manter a vítima inerte e jogam uma rede. Por um instante ficou sem reação por estar em uma situação, um tanto constrangedora, mas em seguida se debateu e tentou se desvencilhar. A vítima despertou de seu devaneio e começou a gritar e cobrir seus seios a mostra. Cinco homens tentavam segurá-lo mas não contava com a sua força. Conseguiu sair da rede, foi golpeado, mas revidou com três vezes mais força. Derrubou um por cima da própria lança e se atirou no rio. Foi alvejado dentro da água e decidiu que partiria da Amazônia, iria para outro lugar onde ninguém o conhecia. Onde ele pudesse fazer o que foi criado para fazer.

Um comentário:

  1. Bem escrito e atraente, parabéns em breve estarei lendo os demais capítulos!
    Ate mais.
    Sociedade do Saber.

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