Surpresas na Estrada - Capítulo I

Eu quero sentir o vento pela pele

Um pensamento me fará

Uma louca tempestade...

Música: Uma louca tempestade
Composição: Bebeto Alves / Totonho Villeroy





Foto: Google Imagens





   Novos acontecimentos nos dão um pouco mais de ar, ou nos tiram. No segundo caso é até bom se for com gostinho de coisa proibida. Sabe quando você acha que já passou por uma situação? Foi isso, tinha saído de um dia sufocante de trabalho, uma briga boba, algo que me fez sair de onde estava. Queria ficar só, então peguei a estrada, dirigi por um tempo sem destino certo, apenas para passar o tempo, respirar.

   Foi tudo muito rápido, tentei desviar mas fomos para o mesmo lado e freamos ao mesmo tempo. Inevitavelmente nossos carros se chocaram. Era a Lei de Murphy. Tudo que faltava no meu fatídico dia. Saí do carro já transtornado e me deparei com ela também do lado de fora. Uma bela jovem, magra, cabelos longos. Estava de branco o que dava contraste lindo com sua pele morena. De início não prestei atenção nos seus dotes físicos. Ambos irritados com a nossa atual situação esbravejamos um para o outro e de repente começou a chover muito. Estávamos no meio do nada com veículos no momento inutilizáveis, o meu celular estava descarregado e o dela sem sinal, não tínhamos escolha a não ser caminhar até um hotelzinho beira de estrada que ficava a poucos quilômetros de onde estávamos. Andamos silenciosamente. A verdadeira raiva que eu sentia não tinha nada a ver com o acidente, tenho certeza de que se eu não estivesse assim poderia ter evitado. Não era culpa dela, mas não ia admitir agora.

  Chegamos ao hotel encharcados da chuva, mas o mais importante era falar com a seguradora. Inacreditavelmente, um raio caiu em um poste cortando temporariamente a energia e o telefone do hotel, realmente não era o meu dia.

   A recepcionista sugeriu que pegássemos o único quarto disponível para tomar um banho e trocar de roupa, mas a garota começou a dar um chilique.

  - Não vou te atacar, pode ficar tranquila. A recepcionista tem razão, se ficarmos como estamos vamos pegar um resfriado.- Eu disse.

  - Tá. Mas eu não vou dormir com você, de nenhuma maneira. - Ela retrucou me olhando de cima a baixo.

  - Ok. É só até conseguirmos fazer uma ligação. - Tentei convencê-la.

  - Certo. - Bufou.

  Então subimos a luz de velas para o quarto. Poderia até ser romântico se a situação fosse outra.

  - Bianca. Só pra constar - Ela

  - Desculpe. Léo.

  A roupa fina se ajustava bem a pele devido a chuva que pegara. Boca pequena e trêmula, parecia tímida, mas seu olhar era de mulher experiente. Agora que a minha raiva já estava se dissipando, comecei a prestar atenção em como ela era atraente e por um instante tive a impressão de que a conhecia de algum lugar.

 Deixei que ela fosse tomar banho primeiro, além de ser um gesto de cavalheirismo ela estava batendo os dentes. Então ela foi ao banheiro carregando a bolsa que trouxe do carro. Eu também estava com minha mochila e comecei a revirá-la para tirar o que iria usar agora.

 Depois do banho percebi que estávamos mais calmos e meio sem jeito. Ela sorriu e desabafou.

 - Olha, me desculpe. Eu não costumo me descontrolar facilmente e nem gritar com as pessoas, é que eu ia fazer uma apresentação com o meu grupo de dança e fiquei sabendo que o salafrário, canalha, desgraçado do meu namorado estava me traindo e eu estava a caminho de dar-lhe o flagra. E teve o acidente…

 - Tudo bem. Não precisa se desculpar. A culpa também foi minha. Também estava irritado com uns problemas pessoais e quando dei por mim… não consegui evitar.

 - Parece que esse não é o nosso melhor dia, heim?! - Ela sorriu triste.

 - Verdade. Bom, parece que não vamos sair tão cedo daqui. Que tal aproveitar o que é possível do serviço de quarto e conversarmos um pouco…?

  Ela me olhou meio desconfiada, mas deu de ombros. - Tudo bem, mas veja se tem alguma bebida porque eu estou precisando.

 Desci até a recepção para ver o que tinha disponível. Consegui uma garrafa de vinho e alguns frios. Acho que pensaram que nós “estávamos no entendendo”, eu ia dizer alguma coisa, mas na verdade não estava me importando com que pensavam, em breve não verei mais essas pessoas.

 Conversamos, bebemos, rimos e cada vez mais eu tinha certeza de que a conhecia. Ela estava “alegre” por causa da bebida e começou a dançar sem música, de repente tudo ficou claro. Eu já a tinha visto dançar. Caramba, ela era minha vizinha! Eu a vi dançar algumas poucas vezes pela janela do meu apartamento que dava para ver o dela, mas não nos conhecíamos. Essa rotina corrida e estressante nunca me deu essa oportunidade e agora tão longe de casa… muita coincidência, ou será uma brincadeira do destino?

  - Eu acho que te conheço de algum lugar? - Afirmei.

  - Ah tá. Que cantada barata. - Ela disse com um sorriso largo.

  - Não, é sério, já te vi antes.

 - Viu alguma apresentação minha? - Questionou me arrastando para a sua dança sem música.

 - Você é minha vizinha! - Afirmei e relampejou alto. De imediato ela parou de dançar assustada e como reflexo da proximidade eu a abracei.

 Passamos alguns segundos assim, abraçados. Até que fomos nos soltando lentamente. Ainda muito próximos presos em nossos próprios olhares.

  - Achei que nunca me reconheceria. - Ela disse e outro relâmpago brandou no céu.

  Ela pôs o indicador em meus lábios. - Não diga mais nada.



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16 comentários:

  1. OMG! adorei o começo com o acidente, ficoou mais instigante ler! Cara, amei ela ser morena! hihi Tem que começar a chover <3 (E ela esta de branco) Gostei kkk "Não era culpa dela, mas não ia admitir agora" kkk Raio! Não era o dia mesmo! Dai eu penso "Aff eu sei que tinha acontecido um acidente, mas dar chilique! Porfavor Bianca!". aaahhh aconteceu isso tudo com ela. ~disfarça~ Esse povo "“estávamos no entendendo”" haha Nem para disfarça. kkkkkkkkkkkkkkk Ela é a vizinha dele! O.O kkk ~relampejou~ omg! correndo p/ o outro!

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  2. Achei alguns pontos clichês, como a chuva por exemplo, e a narrativa está mais feminina do que masculina, mas adorei a iniciativa da escrita, a coragem de expor. Continue a trama, ela tem um "que" interessante.
    Sucesso nesta empreitada.

    Café com Letras

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    Respostas
    1. Tem mais dois capítulos.
      Você pode conferir ao clicar no final da postagem no capítulo desejado para ler.

      ;)

      Bjin

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  3. Oooi!!

    Primeiramente parabéns pela escrita, o texto está muito bem feito e agora preciso confessar que estou extremamente curiosa hahaha. Vou correndo ler o segundo capitulo *-*


    Beijinhos,
    www.entrechocolatesemusicas.com

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  4. Pomba! Vizinhos e não se reconheciam. Que doido!
    Depois vou ler os outros capítulos pra ver quanto tempo eles conseguiram resistir. rs
    Beijinhos!
    Giulia - www.prazermechamolivro.com

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  5. Oi Jessica, sua linda, tudo bem?
    Você terminou seu texto de uma forma muito instigante, cortando no clímax, isso prende o leitor, pelo menos a mim prendeu. Eu no início achei estranho ela se entregar assim tão rápido, mas depois você vem com a fala de ela disse que pensou que ele não a reconheceria, então, aí fez sentido. Espero que desenvolva esse pedaço. Parabéns pelo texto!!!!!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  6. Olá.. tudo bem??

    Adorei o texto... curto e direto... vai ter continuação certo, espero que eu consiga ler, porque fiquei bem intrigada quando ela disse que pensou que ele não a reconheceria... isso soou provocativo... gostei muito... xero!

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  7. É raro encontrar uma história narrada por um homem. O tom ainda está meio fora, mas gostei da ousadia.
    É meio clichê, mas eu adoro hahahaha E ela provocou ele né.. já estou curiosa com a continuação.

    Beijiinhos ;*
    Andressa - Blog Mais que Livros

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  8. Oi, Jéssica!
    Você escreve bem, hein!
    Adorei a história... me prendeu e me deixou bem curiosa pra ler os outros capítulos.
    Diferente essa coisa dos vizinhos que não se conhecem, ou não se reconhece. rs
    Continue escrevendo, viu.

    Beijinhos!
    Jaque | Meus Livros, Meu Mundo. |

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  9. Oii, tudo bem? Gostei bastante do texto, você escreve bem. Vou querer ler a continuação, fiquei bem curiosa. Entã quer dizer que ela a reconheceu logo de cara... rsrs, espertinha!!

    Beijinhos,

    Rafaella Lima // Vamos Falar de Livros?

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  10. Olá, tudo bem?

    Gostei bastante do primeiro capítulo. Sua escrita é leve e bem fluida, me deixou curioso para ler a continuação, haha. Espero ansiosamente, hein?

    Um beijo,
    Sérgio H.

    www.decaranasletras.blogspot.com

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  11. Olá, tudo bom?
    Você escreve bem :D mas que cara mais viajado hahahah não saber quem era a vizinha dele - certo. Hoje em dia ninguém conhece mais ninguém hahaha
    Continue escrevendo :D
    Bjs o/

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